Na minha visão romântica do mundo, de mim e do que sou, no meu sonho inventado povoado de amor para sempre, e príncipes, e cavalos brancos, e juras de amor debaixo de um luar resplandecente ou à vista de um pôr-do-sol de cortar a respiração, não há lugar para ti!
Só que, neste mundo real em que vivo (vivemos)... não precisas de um pôr-do-sol, nem do luar e muito menos de juras de amor (eterno ou não) para me tirares de mim, me roubares sem dó o sossego e o sono... basta a tua presença, (até a tua lembrança) para sentir o coração bater mais forte (por vezes tão forte que parece saltar do peito), sentir as pernas tremer, de ansiedade, saudade e desejo... ficar sem fôlego, como se cada inspiração ou cada segundo se transformasse em eternidade...
E a saudade... Nem sei se posso chamar saudade ao que sinto! Nada tem a ver com a saudade triste e só da alma lusitana, mas sim com a ânsia, do momento que nunca mais vem... com o desejo impossível de te procurar e lançar-me nos teus braços sem como nem porquê... com a vontade de te ver... sentir... amar... Agora!
Algures num passado que ainda dói recordar, refugiada no certo, no correto e no concreto, deixei fugir da palma da mão tantas felicidades que não ousei sequer procurar.
Não sei se simplesmente cresci, ou se foi o mundo que me transformou... sei que os olhos que hoje te veem não são os mesmos que te conheceram, nem sequer os que conheceste.
Quando e como mudei? Também não sei!
Acho que me fui cansando aos poucos dos platonismos que me enchiam o coração mas me esvaziavam a vida, dos medos que roubavam tudo o que em mim era espontâneo e vivo, da insegurança que determinava tudo em mim!
Acho que percebi aos poucos que arriscar e saltar do abismo não era assim tão má ideia e que, ainda que fosse o fim, a sensação de liberdade, medo e ansiedade era demasiado forte para a deixar fugir mais uma vez.
Porquê tu? Não sei... Talvez por não me perguntares o que sinto, nem o que quero, e te limitares a envolver-me... em que? Também não sei e, também para que interessam os porquês?
Toda a gente sabe que as melhores coisas da vida são efémeras, como a neve resplandecente na montanha, que o sol não tarda em derreter, como a noite brilhante de luar que povoava os meus sonhos de menina e que a manhã não se incomoda nada em apagar, como o sol que se esconde num segundo por detrás de um magnífico manto multicolor ou como o vento que vem... sacode tudo e... no momento seguinte ja passou e devolveu a calma ao mundo.
Toda a gente sabe que as melhores coisas da vida são efémeras, como a neve resplandecente na montanha, que o sol não tarda em derreter, como a noite brilhante de luar que povoava os meus sonhos de menina e que a manhã não se incomoda nada em apagar, como o sol que se esconde num segundo por detrás de um magnífico manto multicolor ou como o vento que vem... sacode tudo e... no momento seguinte ja passou e devolveu a calma ao mundo.
Se és na minha vida eterno como um diamante, o futuro o dirá... mas sei quem se fores tão repentino como uma rabanada de vento, não me arrependo nem por um segundo no momento em que me sacudiste, reviraste e, partindo, me deixaste nesta calma ansiosa e cheia de vontade que o mesmo vento... ou outro... me invada, sacuda e revolva, e parta outra vez...
Sozinha comigo, neste dia, como tantos outros ausente de ti, dou com o pensamento perdido enre memórias de palavras, de gestos e sensações, confuso nos sentimentos e vontades, mas nunca como dantes afogado em ilusões e mágoas de desejos impossíveis e infundados.
Não durmo sem que o teu cheiro ou o toque da tua pele me interrompa o sono... Sim, sonho contigo! Dou comigo a sucumbir ao cansaço de noites e noites sem sono... Dias e dias de trabalho sempre seguidos de noites em que a solidão me assola... Mas, mesmo nestes momentos de solidão... Nesses momentos, não poderia ser mais feliz!
Amarante, São Gonçalo
27-01-2007