15 junho 2018

Vento


Inspiro... (às vezes inspiro-te!)
Expiro... (a toda a hora inspiras-me!)
...Respiro! (respiro-te!)
Mesmo quando sopras mais forte
e quase me sufocas...

Amo quando sopras tão forte...
que só sonho abrir os braços,
transformá-los em asas...
e voar contigo!
(já leste isto tantas vezes...)
Amo quando sopras mansinho
qual murmúrio,
qual carinho,
sussurrado ao ouvido!
Amo quando sopras frio...
gelado...
e me congelas o peito,
e o medo,
e a solidão!
Amo quando sopras quente
e com esses braços (etéreos) me enlaças
no mais terno dos abraços!
Amo quando gritas...
quando uivas...
quando me abanas as fundações...
só para, a seguir, me deixares outra vez,
na mais profunda das calmas!
Amo quando és brisa,
quando és maresia,
quando és ar orvalhado na montanha,
suave,
fresco,
doce...
Amo o teu cheiro...
os teus cheiros...
que levas e trazes...
e, às vezes, ficam impregnados em mim!

E amo...
Amo que me revolvas os cabelos,
com a mesma ternura com que me desarrumas a alma...
a casa...
a vida!!!

19 maio 2018

…em jeito de prenda de aniversário



(comecei a pensar este ‘presente’,
a escrever mentalmente este texto,
há meses…
ainda antes do nosso reencontro,
e de todas estas palavras,
fazerem ainda mais sentido!)

Escrevo-te!
Sim, hoje escrevo para ti!

Escrevo-te…
(porque o dia hoje é especial…
mas em especial,)
… porque gosto de ti!
… porque gosto desta nossa história,
que começa e recomeça,
que se perde e se encontra!

gosto…
… deste laço que nos enlaça,
que nos une sem prender…
que tantas vezes se desata,
sem nunca desaparecer!

gosto…
… destas migalhas no caminho,
que nos guiam pela vida,
que te levam a mim…
que me levam a ti…
uma…
outra…
tantas vezes!

gosto…
… deste fio invisível,
fino,
impercetível,
que a distância não quebra,
que o tempo não apaga!

gosto…
… deste sopro leve,
que pára o tempo,
que apaga o espaço!

gosto…
… desta saudade doce e boa,
que não magoa,
não sufoca,
não dói!

gosto…
… deste vento que somos,
que ora vai,
ora vem…
que parte e regressa,
que abana,
que nos revolve e envolve,
que nos liberta e dá asas!

gosto…
… de sermos livres assim,
sem correntes nem amarras!

gosto…
de não ter marcas,
nem rótulos,
de não sermos nada,
e num instante sermos tanto!

gosto...
… de olhar para ti!
… de como me olhas!

gosto...
… que me atures!
… que me deixes cantar-te ao ouvido!
… que me abraces!

gosto…
… gosto te ti!
… gosto de te ter comigo!
… gosto de como sou contigo,
de quem sou contigo!
… gosto de me fazeres gostar de mim,
sempre cada vez mais!
… gosto de ti!
E gosto (muito) de gostar de ti!

14 fevereiro 2018

Sorri


Hoje,
Aqui longe de tudo,
De ti e de mim...
Desse nós que não existe...
Vou adormecer embalada no teu sorriso...
Nesse sorriso que não me larga,
Que me rouba o sono,
Que me tira de mim,
Que me dispara o coração...
Mas que incessantemente procuro,
Para iluminar o meu dia!
Esta noite,
Como ontem...
Como em todas as outras noites...
Vou guardar o teu olhar no meu
E sonhar acordar aninhada no teu peito.

Tenho saudades...
Do que não vivi contigo!
De um passado,
Perdido nos meandros da memória,
E que queria que fosse o meu aqui e agora!
Queria que fosses tu...
O meu aqui...
Em qualquer lugar!
Por isso...
Hoje... Onde estiveres, sorri!
Hoje e sempre... Onde eu estiver...
Guardo o teu sorriso comigo
E dele faço o meu próprio sorriso!!!

25 janeiro 2018

Hoje... Lembrei-me de mim!

Esta noite... Lembrei-me de mim!
Lembrei-me daquele tempo, tão longe e tão perto, em que bastava uma caneta e um pedacinho de papel, para as palavras roubarem ao coração todas as dores... todas as angústias... todas as inquietações... todas as tristezas...
Lembrei-me, de quando nas palavras, punha os sorrisos... os sonhos... toda a alegria!
Esta noite... em que as horas teimavam em não passar, e os elásticos minutos iam vagueando lentamente pela escuridão... Esta noite em que os pensamentos voaram tão longe e tão alto... Lembrei-me de quem fui... de quem sonhei ser... de como os mesmos meandros da vida que tanto me deram, aos poucos... lentamente... da mesma forma que estes minutos demoram a passar... foram esfumando desejos tão fortes... tão reais!
Esta noite... lembrei-me de escrever!
Lembrei-me, de me lembrar de como as palavras, toda a vida de acariciaram e aconchegaram o coração... de como cada momento escrito permanece vivo e eterno numa frágil folha de papel, que o tempo amarelece e desvanece, mas que nunca apaga...
Lembrei-me de tantas memórias que os anos levaram e que uma ou outra vez regressam num vento de saudade... distantes, perdidas na memória do tempo que passou.
Lembrei-me, que a vida tantas vezes me roubou o tempo... e a vontade e a serenidade (ou a falta dela) para escrever!
E arrependi-me... oh! E de que maneira!
Arrependi-me de não ter eternizado em palavras tudo o que a vida me deu e tirou... o que conquistei e desisti... e agora a memória e o tempo teimam em esconder!
Fui ler...
Vim ler...
Vagueei por entre textos e memórias... por entre tantas noites como esta, em que o sono se perdeu pelo caminho e as horas se estendem à espera de uma aurora que teima em não chegar...
Re-senti paixões e desamores... desesperos... encontros... reencontros... desencontros... saudades do que tive... de quem tive... do que quase tive mas não cheguei a ter... do que ainda tenho, mas já não é igual!
E eis que hoje estou assim... Como há tantos anos não estava... de caneta e papel na mão e uma lágrima tanto doce como amarga, ao canto do olho e do coração!
Esta noite...
Esta manhã...
Hoje... Lembrei-me de mim!